quarta-feira, 25 de setembro de 2013

[SUPERAÇÃO] - ENTREVISTA COM O CAP NELSON LEONI DO EB, FERIDO EM 2005 NO HAITI.

Defesanet / EBlog
O Capitão Nelson Leoni, foi ferido no ombro por um disparo de fuzil, em 2005, quando servia no Batalhão Brasileiro da Força de Paz, no Haiti.
Cap Leoni (ao centro) no Haiti - Foto: EBlog
EBlog: Como foi a sua preparação para a Missão de Paz no Haiti?
Cap Leoni: Iniciamos a preparação com 6 meses de antecedência. No início ocorreram instruções teóricas para um nivelamento do conhecimento sobre as Missões de Paz da ONU e o nosso objetivo no Haiti. Após este período ocorreram as instruções práticas, primeiro individuais (tiro, treinamento físico militar e outras instruções práticas) e as atividades em frações.

Realizamos diversos exercícios já com as frações constituídas, primeiro por pelotões, depois subunidades e com todo o Batalhão. Este período serviu para o aprimoramento do conhecimento profissional e a formação do grupo unido e coeso, atributos essenciais para uma missão como essa.
EBlog: Porque o Sr foi voluntário para a missão no Haiti?
Cap Leoni: Tinha o grande sonho de poder participar de uma missão real e aplicar todos os conhecimentos adquiridos na Academia Militar das Agulhas Negras e na tropa. Além, é claro, da oportunidade de viver uma experiência única de vida.
EBlog: No Haiti, quais eram as suas funções/atribuições? Como era a sua rotina?
Cap Leoni: Fui para o Haiti como Comandante de Pelotão de Fuzileiro de Força de Paz, com integrantes do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista. Minhas atribuições como comandante de pelotão eram: realizar patrulhas motorizadas e a pé e operações de busca e apreensão, ocupação de pontos fortes, execução de Postos de Bloqueio e Controle de Estradas, segurança de autoridades e ser responsável pela saúde física e mental de meus subordinados
EBlog: O Sr pode nos contar como foi o acidente?
Cap Leoni: No dia 22 de junho de 2005, meu pelotão participou de uma operação de busca e apreensão no Bairro de BelAir, após deixarmos presos e material apreendidos no Forte Nacional (Então Base da Companhia Paraquedista) formamos um comboio para retornar a Base Bravo com a missão cumprida.

Quando o comboio passou pela frente do Bairro Cité Soleil fomos emboscados e recebemos rajadas de fuzil, um destes disparos me atingiu no peito e no braço. Como havia uma ambulância no comboio, fui socorrido imediatamente pelo médico e levado ao Hospital Argentino da ONU para os primeiros-socorros.
EBlog: O Sr teve medo de morrer?
Cap Leoni: Logo após o tiro, desmaiei pelo excesso de sangue perdido. Neste período passei por uma experiência chamada EQM (Experiência Quase Morte). Por alguns instantes acreditei que estava morrendo e neste momento fiquei muito aflito, não por morrer, mas por tudo que estava deixando como esposa, familiares e amigos que só iriam me ver em um caixão quando chegasse ao Brasil.
EBlog: Após o acidente e hoje recuperado, qual foi a maior lição de vida?
Cap Leoni: Quando passamos por momentos críticos em nossas vidas nos apegamos à fé que possuímos e aos verdadeiros amigos. Com fé e o apoio de meus familiares e amigos tive forças para nunca desistir, mesmo quando tudo indicava o contrário, e sempre olhar a vida pelo lado bom.

Não ter o movimento total do braço é apenas um detalhe, pois recebi o direito de viver novamente e hoje aproveito cada instante da minha vida.

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