sexta-feira, 27 de setembro de 2013

[RECONSTITUIÇÃO] - 'AN' refez últimos passos da adolescente morta a poucos metros de casa em Joinville

AN

Vizinha chegou a ouvir latidos de cães que possivelmente alertavam para o fato

Laço colocado próximo ao local da morte representa o luto da família e dos moradores. (Foto: DIORGENES PANDINI / Agencia RBS)
Nesta sexta-feira faz cinco dias que a adolescente Vitória Schier, 16 anos, foi morta quando voltava da escola, na rua Carlos Alberto Neubauer, no Bom Retiro, em Joinville. Após quase 12 horas de buscas, ela foi encontrada pela própria família, caída em um córrego, sem as roupas de baixo, dentro de uma área de vegetação.
A reportagem de "AN" refez o percurso para tentar compreender como o crime aconteceu. E não dá para entender. Um lugar tranquilo, em plena luz do dia, a poucos metros de casa.


Vitória voltava da Escola Técnica Tupy como fazia sempre que ninguém podia buscá-la. Ela possivelmente pegou o ônibus do Bom Retiro e desceu no ponto da rua Tenente Antônio João. Ao caminhar alguns metros, virou à esquerda e entrou na rua que dá acesso à sua casa. A Carlos Alberto Neubauer é uma rua bem habitada e calma.

Após andar cerca de cem metros, quase na metade do caminho, ela precisou passar por um trecho em que há cerca de 60 metros de vegetação em um dos lados da rua. O terreno, segundo um morador, é da Prefeitura. Foi neste local, de onde é possível ver a casa de Vitória, que ocorreu o crime.

O autor provavelmente a carregou cerca de 10 metros dentro do mato. O terreno é mais baixo que o nível da rua, o que dificulta a visibilidade de quem passa. O local ainda está isolado com uma fita, e as luvas cirúrgicas usadas pelos peritos ficaram no chão. Um laço preto, em sinal de luto, foi cravado em uma árvore. O mesmo foi feito por alguns vizinhos, que amarraram fitas pretas nos portões das casas.

— Nunca aconteceu nada aqui, tem os usuários ali, mas eles não roubam perto da casa deles. A Prefeitura deveria limpar aquele terreno e só deixar as árvores — contou um morador de 67 anos.

Os três cachorros de um vizinho foram os únicos que provavelmente presenciaram o crime. Eles latiram incansavelmente, mas o dono havia saído para ir ao banco. A babá da casa ao lado ouviu os cães e foi checar o que estava acontecendo, pois o bebê estava dormindo. Ela procurou o dono, mas não o encontrou. Percebendo que os cachorros latiam para o mato, a mulher parou e olhou. Olhou mais uma vez atentamente, mas não viu nenhuma movimentação.

— Achei que tivesse alguém fumando no mato, mas não vi nada, a gente nem imagina que vai acontecer algo assim. No outro dia, quando soube, fiquei horrorizada.

A filha mais perfeita que alguém pode ter

Cristiane e Evandro Schier, pais de Vitória, conversaram com o delegado Paulo Campos dos Santos, responsável pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil, nesta quinta. Muito abalados, eles acompanham de perto a investigação e esperam que o responsável pelo crime seja preso.

— Justiça mesmo não haverá. O justo seria ela voltar — disse o pai.
— Ela era a filha mais perfeita que alguém pode ter. Era a criatura mais doce e obediente deste mundo. Era perfeita, a princesa mais linda. Arrancaram o melhor pedaço de mim. O que ficou aqui é só o resto, mais nada. Deus permita que o encontrem — desabafou a mãe.

O delegado responsável pelo caso garantiu à família que tudo o que estiver ao alcance será feito. Detalhes da investigação não podem ser revelados, pois a operação é sigilosa e nenhuma possibilidade foi descartada. Os laudos periciais têm prazo de dez dias para ficarem prontos. O prazo legal para concluir o inquérito é de 30 dias, mas pode ser prorrogado, se necessário.

— Desde que estou na homicídios, há dois anos e meio, é o primeiro caso assim que acompanho. Este tipo de crime costuma ocorrer à noite, em locais ermos e em bairros mais afastados, esse caso foi atípico — avaliou o delegado.

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