quinta-feira, 29 de agosto de 2013

[ SÃO CARLOS / SP ] - Ex-aluno que atirou na USP queria chocar o mundo, conta estudante

G1

Jovem de 23 anos invadiu campus em São Carlos e efetuou disparos. 'Ele queria fazer justiça com as próprias mãos', relatou diretor do Caso.



O ex-aluno que invadiu o alojamento do campus da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (SP) com umrevólver e fez vários disparos, na noite de quarta-feira (28), dizia que iria comprar armas e fazer algo grandioso para entrar para a história. “Ele falava que queria fazer justiça com as próprias mãos, que iria chocar o mundo. Isso já estava preocupando muito a gente”, contou o estudante Rafael dos Santos Ferrer, presidente Centro Acadêmico Armando Salles Oliveira (Caaso). O atirador continua foragido.

Uma testemunha relatou que o ex-aluno esteve na universidade momentos antes e premeditou a ação. “Simplesmente ele falou que iria vender o notebook, comprar uma arma e iria atirar em quem estivesse na frente dele na USP mesmo. Ele falou abertamente, sem gaguejar. Falou que acabaram com a vida dele e ele ia acabar com a vida de todo mundo. Ele estava sossegado, estava frio”, disse o homem que pediu para não ser identificado.

De acordo com a Polícia Militar, o rapaz armado invadiu o alojamento durante uma feira de profissões que ocorria na USP, encurralou quatro estudantes na cozinha e deu uma coronhada na cabeça de um deles. Horas antes, ele tinha ameaçado funcionários da universidade e disse que não estava brincando. O aluno ferido foi atendido na Santa Casa e liberado.
Disparo atingiu janelas de alojamento no campus
da USP em São Carlos (Foto: Maurício Duch)
O atirador ainda fez vários disparos que acertaram as paredes e as janelas do alojamento, mas não atingiram ninguém. Segundo testemunhas, o jovem de 23 anos disse que queria se vingar dos estudantes.

Ex-aluno do curso de ciências exatas, eletrancou a matricula após alegar ter sidovítima de abuso sexual durante um trote com veteranos, em março.

De acordo com o presidente do Caaso, o atirador já havia ameaçado um grande número de estudantes e alguns funcionários da universidade.

“Ele falava abertamente. A gente passava isso para a direção da universidade para tentar pensar essa situação de uma forma que desse segurança para toda a comunidade. Sabíamos que ele tinha alguns problemas e que negou tratamento psicológico. Ele pediu desligamento da universidade e depois quis voltar”, contou Oliveira.

Suspensão das aulas

A Universidade de São Paulo (USP) suspendeu as aulas de graduação em São Carlos (SP), nesta quinta-feira (29), para garantir a segurança dos estudantes.

As aulas foram suspensas em todas as unidades (EESC, IAU, ICMC, IFSC e IQSC) por determinação da presidência do Conselho Gestor do Campus USP de São Carlos.

A universidade informou ainda que deve prestar outros esclarecimentos à comunidade conforme os fatos forem apurados. A Polícia Civil disse que ainda não vai se pronunciar.

O caso

O suposto abuso aconteceu no início da madrugada do dia 4 de março. Depois de uma reunião sobre as normas de funcionamento do alojamento onde conseguiu uma vaga, o rapaz entrou em uma área que dá acesso aos apartamentos, onde acontecia uma festa.

Segundo o estudante, um grupo foi até ele e começou a gritar. “Eles falavam repetidamente ‘chupa bixo’ e me cercaram, fizeram uma espécie de uma roda e não tive como sair dali. Eles aparentavam estar muito embriagados e se faziam de homossexuais, gritavam ‘bixo homofóbico’. Eu falava para não encostarem, mas três deles começaram a se esfregar em mim e chegaram a abaixar as calças. Um deles também abaixou a cueca. Eles pareciam ter prazer”, disse.

Os envolvidos disseram que tudo não passou de uma brincadeira durante um trote. O caso chegou a ser registrado pela Polícia Civil como estupro e foi alterado para injúria depois que, em novo depoimento, o estudante negou que houve qualquer tipo de violência, até mesmo sexual, ou que tenha sido obrigado a tirar a roupa. A primeira audiência foi realizada no dia 24 de abril no Fórum Criminal da cidade, mas não houve acordo entre os estudantes envolvidos.

Na ocasião, uma sindicância foi aberta pela USP que não divulgou o resultado.  Em maio, a Justiça pediu que a Polícia Civil levantasse mais testemunhas sobre caso, que ainda continua indefinido.


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