sábado, 8 de junho de 2013

"TOPO DO RANKING EM SC" - Joinville registra um assalto a cada cinco horas

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Esta é a média de ocorrências de roubo na cidade nos quatro primeiros meses deste ano

Santo Possenti mostra a foto do pai, morto num assalto em março, em JoinvilleFoto: Diorgenes Pandini / Agencia RBS

Um levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública mostra que foram registrados, entre janeiro e abril deste ano, 527 casos de roubo em Joinville. Isso equivale a uma média de um assalto a cada cinco horas. O número corresponde ao total de boletins de ocorrência registrados na Polícia Civil. É considerado roubo a ação que envolve ameaça ou violência – furto caracteriza outro tipo de crime e entra em uma estatística separada.


Além de ser o número mais alto do período desde 2010, quando os dados passaram a ficar disponíveis para consulta, a proporção deixa Joinville no topo do ranking de roubos praticados no Estado em 2013.

É a primeira vez que a cidade fica à frente de Florianópolis desde 2010. A Capital registrou 516 roubos nos quatro primeiros meses do ano. São José, com 369 casos, e Itajaí, com 301, aparecem em seguida na mesma lista.

Levantamento mais detalhado da Segurança Pública, com números dos três primeiros meses do ano, mostra que veículos estão na preferência dos assaltantes em Joinville (119 casos). O segundo principal alvo são pedestres (108), seguidos de pontos comerciais (60) e casas (25).

A posição do delegado regional de Joinville, Dirceu Silveira Júnior, é de que o trabalho de repressão ao crime não tem como foco a colocação da cidade em rankings estatísticos. 

— O que importa é verificar quais são as mudanças e as características das ocorrências para definirmos a repressão.

Os números, defende o delegado, não são um reflexo absoluto da violência. 

— É muito frio para se analisar. Um roubo simples e um roubo com morte entram na mesma estatística. Isto serve para nos referenciar nas ações, nos dizer onde os eventos acontecem, horários, modalidades, mas precisa ser interpretado —, reforça.

O que pode ter contribuído para o aumento das ocorrências, segundo Dirceu, foi a atuação criminosa de um mesmo grupo nos primeiros meses do ano. 

— Isto fez com que tivéssemos acréscimos, mas a identificação de autorias e prisões trouxeram índices mais aceitáveis no último período.

Um momento que muda toda a vida

O sentimento de vazio na família do comerciante Antônio Possenti, de 76 anos, é uma dor que não se enxerga nas estatísticas. Um único tiro, por causa de alguns trocados, mudou para sempre a rotina da mulher dele e dos sete filhos.

Foi em 13 de março que Antônio abriu a agropecuária pela última vez, no bairro Fátima, zona Sul de Joinville. Logo após começar os trabalhos,acabou virando alvo de um tiro à queima-roupa. Dias depois, a polícia descobriu que quem segurava a arma era um adolescente de 15 anos. Teria levado apenas R$ 14. O garoto foi apreendido e, há um mês, a Vara da Infância e Juventude decidiu que ele deverá cumprir uma medida socioeducativa de internação – será avaliado de seis em seis meses, podendo continuar internado por até três anos.

Ainda que a lei tenha sido cumprida, por não se tratar de um adulto, nem de longe representa aquilo que a família entende por justiça. 

— O que precisa ser mudado é o Código Penal. Nossa lei é muito antiga. O crime se modernizou, mas nossas leis permaneceram —, desabafa Santo Possenti, 47 anos, filho da vítima.

De lá para cá, não foi só a sensação de perda que permaneceu na família Possenti. Dona Lúcia, de 76 anos, viúva de Antônio, não teve condições físicas nem psicológicas de continuar com a agropecuária. Os filhos, que juntos mantêm um posto de combustíveis na zona Sul, ainda passaram a conviver com um medo mais presente.

— É como estar vivendo no fio da navalha. Entra uma moto e me pergunto: será que é cliente, será que não é? Não está escrito ‘marginal’ na cabeça do bandido. Como vamos adivinhar? —, questiona.

Segurança para os bairros

Assalto a comércio é assunto de preocupação frequente nos conselhos comunitários de segurança (Consegs) de Joinville. No último mês de abril, segundo a vice-presidente da associação dos conselhos (Aconseg), Silvia de Aguiar Zavatini, a percepção foi de que ainda mais casos ocorreram na cidade.

A tese dos Consegs é de que a greve dos agentes penitenciários, que fecharam as portas do Presídio Regional e forçaram a superlotação da Central de Polícia – alguns suspeitos detidos chegaram a ser liberados por falta de vagas – desencadeou mais ocorrências no período da greve. 

— Percebemos que houve um aumento no número de assaltos, mas entendemos que pode ter sido em virtude da greve. As comunidades ficaram mais vulneráveis —, avalia Silvia. 

A aposta dos Consegs para reduzir as estatísticas está na instalação de cem câmeras de monitoramento reservadas para Joinville.

Cada Conselho de Segurança tem até o próximo dia 8 de julho para apontar sugestões de onde os equipamentos podem ser instalados. As câmeras serão compradas pelo governo do Estado e, depois de instaladas, mantidas em parceria com a Prefeitura. O monitoramento será feito pela PM, como já ocorre com 41 câmeras.

— Será uma forma de diminuir muito a questão dos assaltos. No Centro, o sistema já funciona, mas os bairros ficam vulneráveis. As comunidades estão se articulando, isso deu mais fôlego para os Consegs.

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