sábado, 15 de junho de 2013

COVARDIA - Número de casos de negligência e maus-tratos contra idosos aumentou 80% em Joinville

AN
por Rogério Kreidlow

Segundo levantamento do serviço de proteção, média de 21 atendimentos por mês, em 2012, subiu para 38 por mês este ano

                                                                       Foto de Salmo Duarte / Agência RBS
As situações de violência contra idosos têm crescido em Joinville do ano passado para cá, segundo a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso e o Serviço de Proteção para Pessoas com Deficiências, Idosos e suas Famílias, um dos braços da Secretaria de Assistência Social, que atende casos de maus-tratos e negligência a estas pessoas.

Dados do serviço de proteção mostram que houve aumento de 80% nos casos. Foram 260 atendimentos em 2012, algo como 21 casos por mês, contra 232 só nos primeiros seis meses deste ano, cerca de 38 por mês. Na delegacia especializada, foram 82 casos em 2012 ou cerca de 6,8 casos por mês, contra 46 até quinta, algo como 7,6 por mês – aumento de 12% nos crimes que infringem o Estatuto do Idoso.

Para chamar a atenção para este problema, que envolve desde violência física até psicológica e principalmente financeira, o Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (Comdi) promoveu na manhã de sexta-feira uma caminhada na região central da cidade. 

Dezenas de idosos saíram às ruas na Caminhada do Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa nesta sexta-feira. A ação contou com a participação de representantes de grupos de convivência, de entidades socioassistenciais, conselheiros de direito e de outras instituições.

— Nossos direitos já não são mais respeitados. O idoso, de certa forma, é deixado de lado na sociedade. Sentimos isto no banco, nas filas, no transporte coletivo. Esta caminhada serve para chamar a atenção da população para os nossos problemas —, aponta a aposentada Amália Piás, de 80 anos.

A caminhada partiu da Casa dos Conselhos, na rua Afonso Penna, e seguiu até a praça Nereu Ramos. Com faixas e cartazes, os idosos pediram por respeito, dignidade e compreensão a esta faixa etária, que hoje representa 9% dos joinvilenses e cuja tendência é continuar crescendo com a melhoria da qualidade de vida.

O dia mundial, que ocorre neste sábado, 15 de junho, foi instituído em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa e foi adotada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos no Brasil para conscientizar sobre a necessidade de cuidados com os idosos.

Dinheiro é maior motivo de violência

Conflitos financeiros são o principal motivo de denúncia de violência contra idosos em Joinville atualmente, tanto na delegacia especializada como no serviço de proteção aos idosos, também conhecido como Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). 

Segundo a delegada Marilisa Boehm, a maior parte das denúncias de maus-tratos que chega até a delegacia envolvem golpes a idosos ou familiares que se apropriam do dinheiro deles. 

— Os golpes ocorrem quando o idoso vai no caixa eletrônico e acaba pedindo ajuda para um estranho ao sacar o dinheiro ou quando acaba ludibriado por empréstimos e promoções falsas. Em casa, o maior problema são filhos que, sob a desculpa de cuidar do pai ou da mãe, acabam ficando com o dinheiro dele ou mesmo filhos dependentes químicos que ameaçam, furtam e roubam os pais idosos para comprar drogas —, explica a delegada.

Marieli Freire Tiola, responsável pelo serviço de proteção, diz que os casos de violência financeira acabam envolvendo também a psicológica e as agressões, principalmente quando se trata de filhos dependentes químicos. 

— A autonegligência – o idoso que mora sozinho e às vezes acumula lixo e animais domésticos em casa e resiste a ir morar com um familiar e receber tratamento – também tem crescido —, diz ela.

O que fazer em casos de maus-tratos

A orientação para idosos que sofram maus-tratos ou que têm algum direito desrespeitado em intuições e comércios é que procurem o serviço de proteção, a delegacia especializada ou o Conselho Municipal do Idoso. As situações individuais normalmente são avaliadas por assistentes sociais que vão até as casas. Se constatado problema, são tomadas providências, primeiro por meio de reuniões e atendimentos e, em último caso, por meio de ações policiais e da Justiça.

Os casos passam a ser acompanhados pelo serviço de proteção – hoje são 160 idosos nesta situação na cidade. Segundo Marieli Freire, do serviço, os casos estão distribuídos em todas as camadas sociais e bairros e não se restringem apenas a famílias pobres.

No caso de idosos que ficam em asilos, a orientação é de que as famílias busquem instituições regularizadas e procurem conhecer o atendimento delas. O delegado Luis Felipe Fuentes, da delegacia especializada, diz que houve situações em que cuidadores de lares ou até vizinhos acabavam se apropriando do dinheiro de idosos, o que deve ser denunciado. Problemas nos lares também podem ser comunicados ao Comdi, que tem uma comissão para fiscalizá-los. Na cidade, há cerca de 30 asilos regulares, segundo o conselho.

O melhor de tudo, porém, como ressaltam os especialistas, é a família manter o idoso junto de seu convívio, com amor, respeito e independência, se possível incentivando que a pessoa com mais 60 anos participe dos grupos de idosos (hoje são 72 cadastrados junto ao Centro de Convivência do Idoso), onde eles podem se divertir, desenvolver atividades e fazer amizades, o que ajuda a terem autoestima melhor, a levarem vida mais saudável e se relacionarem melhor com a família.

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