terça-feira, 23 de abril de 2013

Greve de agentes prisionais deixa a situação crítica na Central de Polícia de Joinville

Notícias do Dia por Cláudio Costa

A paralisação também atinge as delegacias e UPAs de toda a região

                                                                                                      Carlos Junior/ND
Pelo menos 13 pessoas estavam detidas na carceragem da Central de Polícia

A greve dos agentes prisionais deixou a Polícia Civil em situação delicada.Até a manhã desta terça-feira (23), treze presos estavam na carceragem da Central de Polícia à espera de serem levados ao Presídio Regional de Joinville. Alguns estavam ali há mais de 30 horas, sem banho, sem direito a banho de sol e quase sem alimentação.
Dos presos que estavam na unidade na tarde de segunda, dois são suspeitos de estupro (precisam ficar iso­lados), há suspeitos de tráfico de drogas, de furto e um caso de embriaguez ao volante. Apenas dois deles têm famílias que levam alimento à Central de Polícia. Para os colegas de cela não passarem fome, o alimento foi partilhado. À noite, se juntaram ao grupo outros três presos em flagrantes pela Polícia Civil.
A situação seria pior se os 11 detidos no fim de se­mana ainda estivessem na carceragem, mas eles fo­ram aceitos pela Penitenciária Industrial de Joinville, como medida paliativa.
Porém, na manhã de segunda, sete detidos que foram levados para o Presídio Regional e à Penitenciária In­dustrial tiveram que retornar para a Central depois de serem recusados em ambas as unidades, sob a alega­ção de que mantê-los sem julgamento não é a função da penitenciária e não há estrutura para atendê-los. Um dos suspeitos, acabou liberado. E mais um fla­grante fez com que o número de detidos permaneces­se em sete, até o flagrante do fim do dia.
No presídio, os 60 agentes continuam a greve, iniciada na quinta-feira (17), e se recusam a receber novos detentos. A direção da penitenciária havia acei­tado alojá-los provisoriamente, mas agora também se nega a fazer o recolhimento. “Aqui não tem mais lu­gar”, afirmou o diretor Richard Harrison Chagas.
Na sexta-feira passada, o juiz João Marcos Buch publicou uma portaria baseada em lei que proíbe a permanência de presos na delegacia por mais de 24 horas. Na portaria, ele determina que em caso de deso­bediência, o delegado responsável pela Central de Po­lícia e o diretor do presídio sejam responsabilizados.
Os agentes prisionais se reúnem com o governo no dia 25, mas existe a expectativa de que ainda hoje a categoria receba alguma proposta para encerrar a paralisação. Eles cobram, principalmente, o reajuste da data-base, que não foi dado neste ano. As perdas chegariam a 40%.
 Situação também é complicada em Barra Velha e São Francisco
A paralisação dos agentes prisionais no Presídio Regional de Joinville e nas UPAs (Unidade Prisional Avançada) de São Francisco do Sul e Barra Velha ainda nem completou uma semana, mas já beira o caos, principalmente nestas duas últimas cidades. O agente Evenilton Leão, lotado na delegacia de São Francisco do Sul desde 1996, classifica a situação na cadeia como “desumana e insalubre”. De acordo com ele, até a manhã de ontem havia três homens no local, presos por furto, receptação e Lei Maria da Penha. No cubículo que o trio divide não existe chuveiro, ventilação, entrada para luz, colchão ou travesseiro. O banheiro é um buraco no chão.
“O cheiro de fezes e da urina exala pela delegacia, chega até a cozinha. Estamos tentando contato com uma empresa para desentupir o buraco e vamos jogar um jato de água na parede. Como não têm sanitário, eles urinam e fazem as necessidades ali.” Leão lembra que uma portaria de 2006, do então juiz corregedor da comarca Osmar Tomazoni, proíbe a permanência de presos na delegacia por mais de três horas. Este seria o tempo necessário para o delegado fazer o flagrante e dar encaminhamento ao detido.
“Antes desta liminar, a gente chegou a ter 27 presos. Na época, não existia a UPA e o Presídio de Joinville, com problema de superlotação, não recebia ninguém.”
Em Barra Velha, três homens suspeitos de tentativa de roubo seguem presos na cela da delegacia. Duas mulheres também detidas no município aguardavam no banheiro. Para agravar a situação, na manha de segunda a unidade ainda atendia outros flagrantes. Os agentes da unidade também reclamavam do mau cheiro e da falta de estrutura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO !

ACOMPANHE JOINVILLE AO VIVO !

Escolha o Idioma