segunda-feira, 15 de abril de 2013

CÂMERAS AJUDAM A ESCLARECER CRIMES EM JOINVILLE


Apesar disso, operam em um sistema defasado e insuficiente para atender a demanda da cidade

Cidade mais populosa do Estado conta com 41 câmeras de vigilância

Instaladas em 41 pontos de Joinville – 31 delas na área cen­tral do município –, as câmeras de vigilância da Polícia Militar já ajudaram a solucionar crimes hediondos, como a agressão con­tra um senhor de 55 anos numa discussão de trânsito na rua Pau­lo Schroeder, em junho de 2010. Porém, ainda operam no sistema analógico e são em número insufi­ciente para atender ao pouco mais de meio milhão de moradores.
O supervisor de produção F.H.C., 29 anos, vítima de roubo no dia 9 de janeiro, na rua Marcí­lio Dias, bairro América, é um dos que reclama das imagens defasa­das e questiona a eficácia do equi­pamento. “No dia seguinte, fui ve­rificar a gravação das câmeras do Copom e vi que não passa de gasto público desnecessário, um inves­timento em vão. Câmeras de bai­xa qualidade e que realizam mais de 12 movimentos, ou seja, pouca imagem de cada área monitorada. Resumindo, são inadequadas.”
O tenente Daniel Henrique Rodrigues, no comando da Ciemer (Central de Emergências) durante as férias do tenente-coronel Dir­ceu Neundorf, confirma que ape­sar de prestarem grande auxílio para a PM no flagrante de diver­sos crimes, além de acidentes de trânsito, as câmeras têm imagens em baixa resolução e já deveriam operar no sistema digital. “É um sistema antigo, analógico. Elas são as mesmas há 12 anos. A imagem não é em boa resolução.”
A quantidade de câmeras para monitorar um território de 1.130,878 km2 também é preocu­pante. Em Florianópolis, são 284 câmeras a serviço da PM. Chapecó vem em segundo lugar no Estado, com 189. No ranking, Joinville vem na frente apenas de Jaraguá do Sul e Blumenau, com 40 e 36 equipamentos instalados, respec­tivamente. As câmeras instaladas hoje no município têm 20 vezes de aumento. “Já instalada, com pos­te, custa entre R$ 7.500 e 9.000”, estima o tenente Daniel.

PM mapeia 178 novas câmeras
A intenção do mapeamento é cobrir as áreas mais vulneráveis
A expectativa da PM joinvilense é receber 178 novas câmeras no decorrer deste ano, conforme assinatura de convênio entre Prefeitura e governo do Estado. Elas irão substituir os equipamentos em funcionamento desde 2001. “Elas serão instaladas onde há maior concentração de pessoas, fluxo de veículos, presença de comércio e também segundo o índice criminal”, explica o tenente Daniel Henrique Rodrigues.
As novas câmeras vigiarão as entradas da cidade, Pirabeiraba, a zona Sul, os bairros Vila Nova, Bucarein e Centro, entre outros. Conforme mapeamento da PM, haverá equipamentos na rua São Paulo, Copacabana, Waldomiro José Borges, 15 de Novembro, Monsenhor Gercino e perto do presídio.
Para Prefeitura, o ideal seriam 300
 A Prefeitura de Joinville negocia com o governo do Estado a instalação de 300 novas câmeras na cidade para substituir aquelas em funcionamento desde 2001. “As que temos ainda funcionam no sistema analógico são obsoletas. Estão com o prazo de validade praticamente vencido”, diz o secretário municipal de Proteção Civil e Segurança Pública, Francisco José da Silva. De acordo com ele, o equipamento novo irá operar em sistema digital. “Estas novas câmeras irão funcionar no novo sistema digital, para que não ocorram falhas na identificação de pessoas ou placas de veículos.”
O secretário calcula que em Joinville haja apenas uma câmera para cada 12.851 habitantes. Com a instalação das 300 câmeras almejadas pela Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública o número cairia para uma câmera para aproximadamente 1.750 habitantes. “Temos apenas 10% do monitoramento de Tubarão e Florianópolis, por exemplo. Na Capital, são 286 câmeras e a cidade é bem menor que Joinville.”
“Precisamos monitorar as entradas e as saídas da cidade. Joinville é passagem para a BR-101, perto de Curitiba. A secretaria está em conversação com o Estado para formalizar esta parceria e Joinville ter monitoramento efetivo. Joinville monitorada será uma cidade mais segura”, entende Silva.
Furtos e acidentes de trânsito esclarecidos pelas imagens
O tenente Daniel Henrique Rodrigues, chefe interino do Ciemer, confirma que cerca de 80% das câmeras de vigilância da PM em funcionamento atualmente estão instaladas no Centro. “Na área central, há bastante furtos e arrombamentos. A gente faz o flagrante, grava em CD e manda para delegacia. O juiz já condenou um cara a sete anos de prisão com as imagens. Ele foi preso com uma pequena quantidade de drogas, mas na filmagem aparece vendendo e isto caracteriza tráfico”, explica.
As ocorrências de arrombamento são atendidas principalmente nos fins de semanas. Em uma das imagens mostradas pelo oficial, de 2008, um ladrão aparece sendo surrado pela vítima que havia acabado de tentar roubar em frente ao Bradesco da rua 15 de Novembro, no Centro. O criminoso fica deitado no chão por algum tempo e em seguida levanta para tentar tirar satisfação com o homem, que evita nova briga. No mesmo ano, as câmeras flagraram dois suspeitos de furto caminhando na avenida Juscelino Kubitschek. Ambos foram detidos por uma guarnição que realizava rondas próximo.
Foi também com ajuda das câmeras que a PM deteve quatro homens armados em um Golf perto do Hospital Municipal São José, na avenida Getúlio Vargas. Conforme o tenente, assim que os policiais militares de plantão no Ciemer verificam alguma ocorrência atípica avisam a guarnição mais próxima pelo rádio. Por turno, trabalham dez PMs e seis atendentes, além de socorristas do Samu, entre eles três médicos, e bombeiros voluntários. Na sala da unidade, há sete telões que transmitem em tempo real as imagens captadas nas ruas de Joinville.
As imagens são na maioria das vezes solicitadas para questões de trânsito, como prova. Todo dia alguém pede uma imagem. Para solicitar as gravações, a pessoa precisa ser uma das partes envolvidas na batida e apresentar boletim de ocorrência. As filmagens ficam gravadas na Central de Emergências por sete dias.
Suspeito morto pela PM estava armado
                   Câmera flagra rapaz de moto com braço erguido, dando tiro para o alto
As imagens captadas em muitos casos servem como provas em inquéritos abertos pela Polícia Civil. Um dos episódios mais recentes é o da morte de Jean de Oliveira, na madrugada do dia 3 de fevereiro deste ano. O rapaz e o amigo, Jaison Cordeiro, 22, então suspeitos de envolvimento com a onda de ataques promovidos pela facção PGC (Primeiro Grupo Catarinense), foram abordados por um policial à paisana na rua Copacabana, bairro Floresta, e teriam reagido à ação. Jean foi atingido por um tiro na cabeça e morreu na hora.
De acordo com o policial militar responsável pelo disparo, a vítima e o amigo estavam em uma motocicleta e foram vistos atirando para o alto na avenida Paulo Schroeder, onde teve início a perseguição. Um revólver calibre 38 foi apreendido com Jean, porém havia dúvidas se o jovem estava armado. A família alegou que Jean trabalhava com carteira assinada e não tinha antecedente criminal. Ele não teria obedecido à ordem de parada porque tinha medo que Jaison, este sim com passagens pela polícia, fosse preso.
Porém, imagens da câmera instalada na Paulo Schroeder, a mesma que flagrou a agressão contra Mário José Borba em 2010, mostram que os dois rapazes realmente deram tiros para o alto na região. No vídeo, é possível ver o carona da moto mirando o revólver para cima e disparando. Ligações de um PM de folga e de um morador próximo também foram anexadas ao processo. “Na mesma hora da filmagem, alguém que estava em casa ligou para falar sobre um tiroteio na Paulo Schroeder”, conta o tenente Daniel Henrique Rodrigues.
O policial de folga é outro que liga para o 190. “Tô atrás da moto, na cola dos caras. Dois de moto atirando para cima.”                      Publicado em 15/04-10:19 / Cláudio Costa. Atualizado em 15/04-17:08

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