segunda-feira, 1 de julho de 2013

Policial conta como flagrou paraguaias se prostituindo em Joinville

AN

Investigação não foi adiante e a ocorrência de fevereiro de 2012 culminou com decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região autorizando o MPF a investigar suposta omissão da Polícia Federal


Assustadas, chorando e tentando se explicar em um portunhol pouco compreensível, duas mulheres paraguaias chamaram a atenção do tenente da Polícia Militar de Joinville Ronaldo Borges. Passavam 17 minutos da madrugada do dia 12 de fevereiro.


As mulheres estavam se prostituindo em uma boate que ficava numa rua sem saída do bairro São Marcos, zona Oeste de Joinville. Uma delas, mais assustada, disse que estava no Brasil contra a própria vontade, situação que caracterizaria tráfico e exploração sexual de uma estrangeira no País.



A outra moça também estava muito assustada, mas parecia estar trabalhando por vontade própria no Norte de Santa Catarina. A discussão ainda está na memória do policial militar, que decidiu ligar da boate para a Polícia Federal.



— Liguei para a Polícia Federal para saber qual era o procedimento. Elas eram maiores de idade. Não estavam ilegais no País. De início, disseram que estavam contra a vontade. Depois que a gente falou em encaminhar as duas para a PF, uma disse que não queria ir. Não chegaram a um consenso em relação à situação —, disse nesta segunda-feira à tarde o tenente, por telefone, à reportagem de AN. 



Na época, ele trabalhava no 17º Batalhão da PM na zona Sul de Joinville. Hoje ele atua como tenente no batalhão de Canoinhas, no Planalto Norte do Estado. 



A ligação do policial foi registrada pela Polícia Federal, mas os plantonistas não encontraram razão para levar o caso adiante naquele momento, já que elas eram maiores de idade, estavam legalmente no País e não quiseram acompanhar o PM até a delegacia.



O caso, que poderia ter encerrado com o término da ligação policial, ganhou repercussão esta semana, quando os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, decidiram que os procuradores do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial devem investigar a suposta omissão dos delegados da Polícia Federal



É que o grupo, que tem atuação em Santa Catarina e do qual fazem parte dos procuradores de Joinville, considerou que poderia ter sido flagrado o crime de tráfico internacional de pessoas e que uma "injustificada inércia policial e do longo lapso temporal transcorrido" comprometeram a reunião de provas que levassem aos autores do crime.



O tenente Ronaldo Borges foi chamado pelo Ministério Público Federal para explicar o que aconteceu naquela noite. Algum tempo depois, a própria Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Polícia Militar voltaram ao local, mas já não havia nem sinal das mulheres paraguaias.



— Elas não estão mais em Joinville. Saíram de lá logo depois, provavelmente —, diz o policial.



A Polícia Federal justificou a conduta dos plantonistas dizendo que eles não retardaram ou deixaram de praticar indevidamente qualquer ato de ofício, uma vez que apenas interpretaram que os fatos não seriam suficientes para desencadear qualquer ação. Por meio da assessoria de imprensa do MPF em Florianópolis, os procuradores disseram que não devem se manifestar mais sobre o caso.
                                                                                    Leandro S. Junges

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