Windson Prado
Rubens Kremke e os quatro irmãos trocaram imóvel da família, no bairro Vila Nova, pela promessa de receber cinco apartamentos
Rubens Kremke trouxe os filhos de volta para morar na casa que foi negociada com o empresário Marcos Antônio de Queiroz (Foto: Carlos Júnior / ND)
Rubens Kremke, pedreiro, 37 anos, casado e pai de
cinco filhos, com idades entre três e 15 anos. Ele é uma das mais de 600
pessoas que fora prejudicadas em Joinville pelos negócios do empresário
Marcos Antonio de Queiroz – que foi preso por suspeita de estelionato.
Iludido, com a promessa de transformar a casa onde seus pais viveram por
quase quatro décadas em um condomínio residencial – no qual ele e seus
quatro irmãos ganhariam cinco apartamentos em troca do terreno – agora
Rubens tenta reverter os prejuízos e, principalmente, dar um teto para
seus filhos.
Mês passado, ele foi despejado da casa onde
vivia de aluguel – que deveria ser pago por Queiroz até que o
empreendimento fosse concluído – e não teve outra alternativa a não ser
voltar para a casa que um dia foi de seus pais, e está bloqueada pela
Justiça. “Há 15 dias viemos para cá. Por sorte a casa não foi demolida.
Tudo foi roubado, até a fiação, mas a construção estava de pé”, comenta
Rubens acrescentando que por quatro vezes a equipe que trabalhava para
Queiroz foi ao local com retroescavadeira fazer a demolição, mas chuvas
frustraram o trabalho.
Rubens diz que conheceu Queiroz nas tendas que o empresário montava
em calçadas para vender apartamentos. “Meu irmão conheceu o Queiroz em
uma das barraquinhas. Após alguma conversa, ele ofereceu trocar a minha
casa – que meus pais construíram ao longo da vida – por cinco
apartamentos. Me pareceu um negócio seguro, e então passei o imóvel para
Queiroz, tudo com contrato. Ele pagava meu aluguel, mas quando o golpe
estourou, não houve mais pagamento, casa ou contrato. Fui despejado e a
única maneira foi voltar para a casa que era nossa”, diz Rubens.
Rubens agora trava na Justiça o direito de cancelamento do contrato e
tenta recuperar o imóvel. “Tem sido tempos difíceis. Uma imagem não sai
da minha cabeça. Quando eu e meus irmãos fomos assinar os contratos com
Queiroz. Ele batia no peito e dizia: ‘Eu não rasgo dinheiro’. Eu tenho
tanta raiva que só de lembrar dele fico todo arrepiado, ouriçado”,
comentou, indignado.
Uma associação das vítimas do empreendimento negociado por Queiroz
foi criada. Segundo advogada que representa Rubens, Natália Ionck, eles
tentam na Justiça a rescisão do contrato. “A família que trocou o imóvel
pelos apartamentos cogita a possibilidade de manter a parceria, caso o
prédio volte a ser construído, por uma outra empresa”, declarou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO !