Segundo PRF, pontos estão concentrados nas regiões metropolitanas.
Passarela da BR-101 na região de Palhoça, Grande Florianópolis; em 2012, houve 1.582 acidentes entre os Kms 200 e 210, considerado o trecho mais perigoso das rodovias federais (Foto: Joana Caldas/G1SC)
A BR-101 em Santa Catarina possui o trecho mais crítico de acidentes das
rodovias federais brasileiras, segundo levantamento obtido pelo G1
realizado pela Polícia Rodoviária Federal. No total dos trechos mais
perigosos, Rio, São Paulo e Paraná são os estados que concentram o maior número
de pontos com problemas.
De acordo com a PRF, o levantamento leva em consideração o custo social dos
acidentes, que é obtido com o cruzamento de uma série de critérios que abordam o
impacto social e familiar (como, por exemplo, o número de acidentes no trecho e
o número de vítimas).
Esses fatores formam um índice de gravidade por trecho, utilizado pela
instituição para focar as fiscalizações e tentar diminuir a gravidade dos
acidentes nesses pontos.
O índice é baseado em estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) e da PRF, que definem pesos para os acidentes: sem vítima, 1 ponto; com
vítima, 5 pontos, e com óbito, 25 pontos. O número de acidentes é multiplicado
pela pontuação de cada tipo, gerando a gravidade da área.
Os trechos considerados críticos estão nas estradas federais de 18 estados e
do Distrito Federal. Rio de Janeiro e São Paulo possuem 13, e Paraná tem 12 ao
todo. Em seguida aparecem Rio Grande do Sul, Pernambuco e Minas Gerais, cada
estado com seis trechos mais críticos das BRs.
A BR-116 e a BR-101 são as rodovias que mais concentram esse tipo de trecho,
a primeira com 24 pontos perigosos, e a segunda com 22, seguidas pela BR-040,
com nove pontos.
“Esses trechos críticos estão centralizados em regiões metropolitanas,
bastante urbanizadas e com grande quantidade de carros”, explica o inspetor da
PRF Stênio Pires. O acidente mais comum nesses locais é o atropelamento. “Hoje a
rodovias federais viraram avenidas, a exemplo da Via Dutra, em São Paulo.
Imagine o pedestre atravessando a Dutra.”
Segundo Pires, das 1.366 pessoas que morreram em atropelamentos no ano
passado, 800 foram em trechos urbanos. “Se contarmos que a maior parte da malha
é via rural, proporcionalmente, representa muito mais.”
Já nos dez trechos mais perigosos segundo o ranking, a maior causa de
acidentes é a colisão traseira. “A maioria está em áreas urbanas, e no
congestionamento, essa ocorrência é recorrente”, diz Pires.
'Já vi morrerem uns oito'
Morador desde que nasceu da
região próxima ao km 200 da BR-101, na região de Biguaçu e Palhoça, na Grande
Florianópolis --o mais crítico do país, segundo a PRF--, o aposentado Ademir
Abílio, 56, diz já ter presenciado vários acidentes. “Já vi morrerem uns oito",
afirma ele.
Em 2012, foram 1.582 acidentes entre os quilômetros 200 e 210, com 702
vítimas, entre lesões leves e mortes, segundo a PRF-SC. “Tem uma peculiaridade
nesse trecho. Temos trânsito urbano durante a manhã e a tarde”, afirma a
policial rodoviária Maitá Berti, da comunicação da instituição.
Segundo ela, no horário de rush, com motoristas se deslocando de casa para o
trabalho e vice-versa, ocorrem muitos acidentes de colisão traseira e lateral.
Mas, durante a noite, o trecho tem características típicas de rodovias, como
alta velocidade.
Rita de Cássia, que mora há cinco anos na região, também diz que já
presenciou muitas cenas de horror na rodovia. A mais marcante foi “uma senhora
que morreu atropelada embaixo da passarela”, conta.
Outro entre os piores trechos fica entre
os kms 220 e 230 da rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade de Guarulhos
(SP), onde a colisão traseira é recorrente. No início de março, dois
engavetamentos graves ocorreram a apenas alguns quilômetros de distância um do
outro.
"Aqui vive tendo acidente. E uma vez o caminhão bateu na passarela. Sorte que
ninguém morreu", afirma Simone Barbosa, 26, que trabalha no shopping
Internacional de Guarulhos, à beira da rodovia. "Todo dia uso essa passarela,
podia ter sido eu."
Trânsito na Via Dutra facilita acidentes como colisão traseira (Foto:
Luis Moura/AE/Estadão Conteúdo )
Ela se refere a um acidente ocorrido em 2006, quando um caminhão desgovernado que
ia de São Paulo a Taubaté derrapou na altura do km 225, subiu na ilha central e
bateu na pilastra central de sustentação. A pista ficou 42 horas
interditada.
"Os motoristas têm que tomar mais cuidado aqui. Além de ter muito pedestre,
esse rodízio de caminhão piorou muito o trânsito. Às vezes você está vindo a 90
km/h, aparece do nada um caminhão parado na sua frente. Aí não tem mais o que
fazer", completa Ivan Ferreira Mendonça, 34, auxiliar administrativo.
A PRF afirma que, na Páscoa, concentrou a fiscalização nesses pontos,
conseguindo reduzir o número de acidentes em relação ao ano anterior em 9%.
Foram 2.429 acidentes contra 2.674 em 2012; e um total de 1.371 feridos, o que
representou uma redução de 20% na comparação com o ano passado, com 1.721
feridos.
No feriado, os estados em que mais aconteceram acidentes foram Minas Gerais
(348), Paraná (281), Santa Catarina (270), Rio de Janeiro (193) e Rio Grande do
Sul (193).
Segundo a PRF, a redução de óbitos e feridos é ainda maior se os números
forem comparados com o tamanho da frota de automóveis – que aumentou no último
ano. Pelo cálculo levando em conta a frota, a queda seria de 15% para o número
de óbitos e 25% para a quantidade de feridos.
*Colaborou Joana Caldas, do G1SC
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