sábado, 7 de março de 2015

['IN'SEGURANÇA] - Sensação de insegurança leva joinvilense a se armar e a buscar alternativas no mercado de vigilância especializada

Leandro Junges (leandro.junges@an.com.br)

Nos últimos três anos, a média de armas de fogo registradas é de três por dia

Número de vigilantes formados todos os anos em Joinville é o mesmo de policiais militares atuando nos dois batalhõesFoto: Rodrigo Philipps / Deco

Na tentativa de se proteger, o joinvilense está se armando cada vez mais e buscando a segurança privada como alternativa à falta de policiamento. Só nos últimos três anos, a média de armas de fogo registradas na Polícia Federal de Joinville é de três por dia. Há mais de 15,6 mil armas registradas na região de abrangência da delegacia, metade delas só em Joinville. No Estado todo, são 64 mil registros feitos até o fim do ano passado.  






O outro aspecto é a busca por vigilância privada. Só o número de vigilantes formados todos os anos em Joinville - 600 em média - é praticamente o mesmo de policiais militares atuando nos dois batalhões da cidade, o 8ºBPM, da zona Norte, que tem em torno de 400 PMs; e o 17ºBPM, da zona Sul, que tem 230. 


Embora nem todos os vigilantes formados consigam trabalho imediatamente após o curso, só os que estão no mercado, nas cerca de 20 empresas que atuam em Joinville, somam quase 4 mil pessoas - ou seja, seis vigilantes trabalhando para cada policial militar na rua.



A justificativa está nas próprias estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. No começo da semana, "A Notícia" mostrou que os roubos a estabelecimentos comerciais, ou seja, ataques de pessoas geralmente armadas, usando a violência para levar produtos ou dinheiro, aumentaram 90% em dois anos. Todos os dias, pelo menos um comerciante tem sido alvo de criminosos. 


Para o delegado da Polícia Federal em Joinville, Oscar Biffi, há uma defasagem histórica em relação a segurança pública. O Estado não consegue dar toda a segurança que a população exige e, segundo ele, é natural que o cidadão busque outras formas de se sentir menos vulnerável diante das quadrilhas ou de criminosos.


A responsabilidade da Polícia Federal é, além de cadastrar e registrar os profissionais que atuam com vigilância privada, patrimonial e transporte de valores, fiscalizar todo o setor. Cabe à PF também o registro das armas compradas pelos cidadãos civis. O órgão da PF que faz esse controle é o Sistema Nacional de Armas (Sinarm). 


De acordo com Biffi, há um controle rígido das pessoas que tentam comprar uma arma de fogo, mas mesmo assim, dentro da lei, é possível e não se pode impedir ninguém que cumpra os requisitos de ter um armamento em casa. O problema, na avaliação do delegado, é que boa parte dessas armas acaba no mundo do crime. 


— Praticamente todos os dias há registro e armas furtadas. Isso é muito comum. E em qualquer ocorrência em que armas são apreendidas com criminosos, quando a gente pega o registro percebe que ela foi comprada legalmente por pessoas de bem — diz o delegado.



Treinamento e tecnologias cada vez mais sofisticados
Uma das polêmicas que envolve a busca pela segurança privada é quanto ao treinamento. Enquanto um policial militar leva até seis meses para se preparar para ir para a rua, um vigilante particular pode se formar em um curso com pouco mais de 200 horas. As responsabilidades são diferentes, mas o segurança particular também pode (e em alguns casos deve) portar armas de fogo e tem responsabilidades de enfrentamento à criminalidade semelhantes ao de um policial concursado.

Segundo Everson Pereira da Silva, diretor da Escola técnica de Segurança (Etese), que já formou mais de 70 mil vigilantes, seguranças patrimoniais e pessoais e até motoristas especializados para todo tipo de emergência (principalmente do transporte de valores), a população tem procurado cada vez mais o serviço privado, e não apenas homens e mulheres de serviço, mas computadores, alarmes, câmeras e até sensores. 


— O treinamento e a tecnologia da segurança privada estão cada vez mais sofisticados — diz o diretor, lembrando que para ser um vigilante é preciso passar por uma série de procedimentos, desde ter a documentação em dia, não ter antecedentes criminais ou condenações, até testes psicológicos. 


De acordo com ele, além do treinamento de tiro, um vigilante só é cadastrado na Polícia Federal se tiver um aproveitamento em mais de uma dezena de disciplinas, que vão de noções de legislação aplicada, a direitos humanos, relações humanas, sistemas de segurança pública, crime organizado, defesa pessoal e comunicação eletrônica.


De acordo com Everson, há mais de 20 empresas atuando na cidade, mas o número pode chegar perto de 40 se forem computadas empresas menores ou de fora, que têm atuação muito específica para uma empresa ou setor. 


Critério na hora de alugar ou comprar

Para Osvaldo Suarez, síndico de um condomínio com dois prédios e dezesseis apartamentos, localizado numa das ruas de maior movimento entre o Centro e a zona Sul de Joinville, a segurança é um dos principais critérios adotados pelas pessoas na hora de alugar ou comprar um apartamento e é tema de praticamente todas as reuniões do condomínio. 

— A gente tem um sistema de câmeras e vigilância patrimonial treinada. Mesmo assim, é comum os moradores reclamarem de que alguém estranho conseguiu entrar ou que se sente inseguro para chegar de carro depois das dez horas da noite. Não tem saída. As pessoas querem sentir que seus filhos, mulher, marido estão seguros — diz, lembrando que o condomínio nunca foi alvo de ladrões, mas que os moradores sempre têm histórias de pequenos furtos ou sustos enfrentados na região. 


— Muitas vezes discutimos a pintura ou a manutenção dos prédios, mas basta falar algum problema de segurança que a prioridade muda na hora — resume. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO !

ACOMPANHE JOINVILLE AO VIVO !

Escolha o Idioma