quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mãe entregou suspeito de estupro no Rio para que ele não fosse morto

G1

Segundo o delegado, mulher temia ação de traficantes contra o menor.
'Estávamos atrapalhando o negócio deles', disse titular da 33ªDP.

O suspeito de estuprar uma mulher durante assalto a um ônibus da linha 369 (Bangu - Carioca), na sexta-feira (3), foi detido após uma negociação entre a polícia e a própria mãe, que ficou com medo que o jovem fosse morto por traficantes. “Como nós estávamos atrapalhando o 'negócio' deles, ela disse que entregaria o filho para que ele não fosse morto por traficantes”, disse o delegado Carlos Augusto Nogueira, titular da 33ªDP (Realengo), responsável pela prisão do menor.
Segundo ele, se não houvesse essa pressão dos criminosos, talvez a mãe não tivesse contribuído para o trabalho de negociação. A polícia chegou até a família do suspeito através de um policial de Duque de Caxias, que disse conhecer o jovem. Segundo o delegado, após a divulgação do vídeo do crime a polícia foi para a Favela Parque das Missões.
O menor, de 16 anos, foi detido na terça-feira (7) por policiais da 33ª DP. De acordo com informações do delegado, ele confessou os crimes, se disse arrependido e alegou estar fora de si devido ao uso de cocaína.
Participação em outros crimes é investigada
A polícia também investiga se o menor já tinha passagem pela polícia por outro assalto a um coletivo, no meio de 2012. Segundo o delegado da 17ª DP (São Cristóvão), Maurício Luciano, ele teria sido apresentado à 27ª DP (Vicente de Carvalho) na época, mas foi liberado da Vara da Infância e da Juventude quando seus responsáveis se comprometeram e retornar, o que não foi feito.

Ainda segundo o delegado, quatro passageiros do ônibus 369 fizeram o reconhecimento do menor nesta terça, entre elas a vítima do estupro, que chorou muito ao ver o criminoso.
“Para um adolescente que ainda não completou 17 anos, ele demonstrou muita desenvoltura, ousadia, praticando uma covardia com uma mulher dentro de um ônibus e roubando os pertences de passageiros. Não demonstrou arrependimento, parecia ter certeza da impunidade", disse o delegado.
"O fato de ele já ter cometido um crime há um ano, mostra uma reincidência, uma personalidade voltada para a prática criminal. Há projetos no Congresso relacionados à redução da maioridade penal. Acho que esse fato deve servir de reflexão para a sociedade saber o que quer.”
O caso foi encaminhado à 2ª Vara da Infância de Juventude e o menor será levado para a Escola João Luiz Alves, antigo Instituto Padre Severino, onde poderá ficar internado só até completar 21 anos. Após completar a idade, fica livre e com a ficha criminal limpa e responderá, caso cometa novo crime, como réu primário.
A polícia ainda investiga se o menor já havia praticado outros crimes semelhantes. Uma das testemunhas disse ao delegado que quando o criminoso abriu a mochila para colocar os pertences roubados, foi possível ver outros objetos. Além disso, o delegado disse que já houve ligações sobre outros possíveis estupros, e pede que informações sejam passadas para o Disque-Denúncia.
Menor queria dinheiro para festa de aniversário
Ainda de acordo com Nogueira, o detido teria dito que o motivo para os assaltos seria conseguir dinheiro para realizar uma festa de aniversário, para celebrar os 17 anos que completa no domingo (12). Além disso, ele estaria preocupado com a reação da sociedade.

O menor se apresentou à polícia próximo ao Comando de Operações Navais da Marinha, às margens da Avenida Washington Luis, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O jovem morava com a mãe na favela Para Pedro, em Irajá e, segundo contou à polícia em depoimento informal ao ser detido, decidiu ir para a casa da avó, que fica próxima ao local onde se entregou.
Para fugir após cometer os crimes, o menor contou que pegou carona com um motoboy e que durante a fuga perdeu a arma, comprada em um lixão de Caxias com R$ 450 — economizado ao fazer "bicos".
Mandou passageiros para o final do ônibus
Após mandar que todos os passageiros fossem até o fundo do veículo, que tem a porta localizada no centro, o criminoso ordenou que um dos passageiros recolhesse os pertences dos demais. Ele então pulou a roleta e foi passar ordens ao motorista, revelando seu rosto com nitidez à câmera.

No início da semana, a vítima relatou os momentos de terror que viveu dentro do coletivo. "Ele levantou e foi para o meio do ônibus e anunciou o assalto. Ele mandou todo mundo ir para o fundo do ônibus. Pegou na minha mão e e disse 'vamos aqui na frente' e me levou para o banco especial, ali perto do motorista. Sentou, mandou eu sentar ao lado dele, me abraçou e começou a colocar a arma nas minhas costelas. Ele bateu seis vezes com o revólver na minha cabeça. Puxou meu cabelo, e colocou a arma na minha cabeça e falou assim 'coloca a tua roupa e volta pro teu lugar', descreveu a vítima do abuso.

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